Jogo das sombras
In the shadowplay, acting out your
Own death, knowing no more
As the assassins all grouped
In four lines, dancing on the floor
And with cold steel, odour on their bodies
Made a move to connect
I could only stare in disbelief
As the crowds all left
Joy Division - Shadowplay
A noite havia chegado.
Um grupo de jovens
decidiu acampar numa cachoeira que descobriram num lugar perto do bairro
vizinho que um deles praticamente cresceu.
Dois deles passaram umas três semanas organizando o Camping. Um chegou a
comprar duas barracas que comporta seis pessoas. Chegaram a pensar até em
confeccionar quatro tochas para fixar nos quatros cantos onde seria o
acampamento para assim criar uma atmosfera de certa forma medieval, porém, não tiveram
tempo e o máximo que puderam foi separar lenha e guardar dentro de uma casa
abandonada que havia no local. Chegaram a perguntar para uma moradora da
redondeza se o lugar era seguro para passar a noite e esta disse que sim com um
sorriso convincente. Eles acreditaram nela apesar de uma amiga deles ter dito o
contrário. Não ouviram.
Duas semanas antes do
acampamento Erick e Henrique assistiram a um filme de Terror B intitulado O Espantalho. Existem vários filmes
com esse nome. Esse era de 2011 escrito e dirigido por Brett Simmons. Na cinegrafia havia
dois clichês óbvios: A madrugada que nunca passa e personagens que entram no
meio do nada, nesse caso o milharal e que não atendem pelo nome quando chamados
e mesmo assim alguém vai atrás mesmo estando na cara que é um chamariz.
Erick e Henrique
discutiram sobre o filme e consideraram uma tremenda bobeira as longas cenas de
horror que nunca acabavam pela madrugada parecer sem fim em todo filme de
Terror e mais tosco o fato de alguém seguir alguém que saí sem falar nada e
mesmo aquilo parecendo muito suspeito ainda assim o seguirem mesmo estando
claro que estão sendo levados para o abate. Na noite que assistiram ao filme
ironicamente os cachorros na rua começaram a latir de forma estranha até que se
ouviu um barulho no telhado e no corredor lá fora com isso Erick saiu correndo
para ver se alguém estava tentando entrar na casa já que alguns dias antes sua
mãe o alertou que houve o caso do roubo de bicicleta de um dos vizinhos então
se lembrando disso correu para fora ver o que era e descobriram que alguém
havia tentando entrar no lugar. Isso os deixou assustados, mas, foi algo logo
esquecido.
No dia D a galera se
reuniu.
Uma noite de sábado para
domingo. Três deles vieram de outra cidade. Uma cidade próxima. Adal, Costelo e
Rafael. Este último convidou uma amiga que morava na cidade do Camping
planejado, Larissa; Porém, Rafael precisava esperar Larissa chegar, por isso,
Henrique, Erick e sua namorada Renata foram à frente até o bairro onde seria o
acampamento.
Chegaram atravessando o
caminho entre as duas roças, onde passaram pelo caminho estreito entre um murro
de pedras e a cerca de arame do terreno ao lado. Garoava.
Chegamos a tal noite escura do começo do
relato.
Entraram na casa
abandonada. Erick e Costelo levaram os troncos de árvores e galhos até onde
pretendiam acender a fogueira. Levaram o tempo suficiente para o restante de o
pessoal chegar. Vieram de Taxi. Tentaram
acender a fogueira usando gasolina, mas, Costelo teve a façanha de queimar a
garrafa pet inteira pondo em risco queimar a mão toda no intento.
Como estavam morrendo de
fome e garoava forte, resolveram acender um pequeno fogo dentro do fogão a
lenha da casa abandonada para pelo menos cozinhar macarrão. O fizeram. Todos se
alimentaram e Erick o fez por último ficando sozinho dentro da casa escura no
silêncio da noite e da nevoa que pairava lá fora ao longe nas árvores
consumidas pelas sombras da noite. Certo momento ouviu uivos de cães, então,
para quebrar o desconforto do silêncio pôs música no seu celular e o deixou
tocando no mais alto que as caixinhas podiam.
Estava sozinho, enquanto
os outros estavam lá fora do lado oposta da casa abandonada tentando acender a
fogueira apesar da garoa forte caindo. Já havia levantado acampamento, ou seja,
montado as barracas antes de prepararem o macarrão, então, apenas faltava
acender a fogueira. A solidão, não incomodava Erick. Até gostava dela. Sempre
precisou de sua solidão necessária.
Decidiram ir até alguma
casa na redondeza para conseguir algum liquido inflamável para acender a
fogueira. Encontraram um bar aberto, sem nenhum freguês que souberam noutro dia
que além de bar é um prostibulo. E o dono segundo eles notaram tinha cara de
marginal. Não conseguiram nada com ele. O conseguiram numa chácara perto com um
cara que segundo ele era de São Paulo e tinha feito um churrasco durante o dia.
Voltaram para o acampamento com Etanol, porém, para o dono do bar Renata
vacilou e disse que era para acender uma fogueira, ou seja, lógico que o cara
sacaria que seria na cachoeira o acampamento. Com muito esforço apesar da ajuda
do Etanol conseguiram acender a fogueira. Graças ao Etanol e o pulmão forte de
Henrique.
Antes de irem para lá
haviam passado no mercado e comprado alimento e bebida necessário para o Camping:
Macarrão, pão, linguiça, batata doce, Coca- Cola Contini, Conhaque, duas
garrafas de vinho.
Adal de forma imatura se
escondeu no meio da relva mesmo molhada pela garoa para procurarem por ele
assim assustando a própria galera. Erick o viu logo, mas, ficou quieto, apesar
de não concordar com esse tipo de brincadeira, pois, considera de mau gosto e
perigosa. Costelo bebeu conhaque demais a ponto de cair por cima das barracas,
cair, rolar, deitar na relva. Correr pelado pelo mato e outras coisas mais como
deitar em cima do próprio vomito.
Erick passava o tempo
todo observando a tudo e a todos por que por mais que uma pessoa moradora dali
perto tenha dito que o lugar é seguro e mora pessoas boas e tranquilas, também
se lembrava da convicção que seu amigo João Roberto disse sobre sua ex-namorada
Leticia ter dito que o lugar era perigoso e que morava traficantes. Por isso
Erick não conseguia aproveitar perfeitamente a companhia da namorada Renata,
nem beber o quanto queria. Dava apenas pequenos goles no Conhaque e Contini.
Bebeu apenas dois copos de vinho e tomava sempre Coca- Cola para o gás ir
cortando o efeito da possível embriagues, pois, não poderia ficar ébrio já que
tinha sua namorada para proteger de um possível perigo e também policiar a
galera para que ninguém fosse para beira da água da Cachoeira e na embriaguez
pulasse lá dentro por algum motivo doido. Como também não conhecia ainda
Rafael, era sensato de sua parte ficar sempre esperto e cauteloso em relação a
ele. Aprendeu com a vida a analisar certas pessoas em determinadas
circunstancias para evitar problemas assim fazendo com que seu extinto de
sobrevivência sempre lhe dê bons conselhos. Chamemos isso de intuição.
Era época de Quaresma.
Passagem que faz parte do calendário Cristão, os quarenta dias desde a
quarta-feira de cinzas até a quinta-feira da Semana Santa. O povo antigo
acredita que nessa época as pessoas precisam dormir cedo e jamais deixar a
porta aberta pelo fato de que os seres das trevas caminham a solta até que
chegue o dia renascimento de Cristo.
Alguns momentos antes
apesar do céu nublado e de uma lua escondida pelas nuvens e embaçada pela
neblina, Erick e Costelo foram contemplados com a face da lua e as estrelas em
sua volta. Até mesmo Sirius foi capaz de ver.
Rafael e Larissa
entraram na barraca de Costelo e foram se deitar... Na verdade foram dar uns
pegas, enquanto Adal já sonolento deitou-se queixando da dor da pancada com o
cotovelo que Erick lhe deu no momento que fizeram “montinho” nele por castigo
por se esconder na relva molhada. Como Erick foi a primeiro a pular e sentiu
ânsia de vomito com todos em cima dele e ao pedir que saíssem não saíram,
então, lançou todos para cima e acertou o queixo de Adal sem querer, mas, não
pediu desculpas; quem mandou o cara ser trouxa o suficiente para bancar criança
e se esconder? Renata também entrou numa
das barracas e aparentemente adormeceu.
Em volta da fogueira
ficou Erick sentado em cima do recipiente para armazenar em temperatura fria o
vinho e linguiça, Costelo havia caído de bêbado na relva molhada e dormiu um
sono repleto de sono e despertar, enquanto Henrique decidiu ir urinar ao longe.
Certo momento Erick viu
Henrique acenando com a luz da lanterna de forma estranha como se quisesse
chamar atenção dele. Intrigado acreditando que ele queria ter alguma conversa
em particular foi ter com ele. Este assim que Erick se aproximou pediu para ele
prestar atenção na redondeza no local acima da cachoeira.
A cachoeira como assim
chamaremos o lugar é uma pedra enorme banhada pelo Rio que começa estreito e
termina largo. Souberam no dia seguinte sobre a lenda do lugar. Segundo tal
lenda há um buraco em determinado ponto do fluxo da água sobre a pedra que
muitas pessoas ao deslizarem por lá desaparecem sem deixar vestígios.
Notavam que faroletes se
acediam ao longe na estrada que corta o lado esquerdo da Cachoeira tendo
aparentemente como única passagem até ali uma ponte feita com tronco de
pinheiro derrubada entre os dois barrancos do rio. Ás vezes as luzes subiam e
desciam. Ficavam fortes e fracas e para piorar a situação havia alguns
vagalumes. Seria apenas imaginação? Não. Era real demais para sê-lo, mas, como
definir a realidade?
Eles refletiam se
deveriam conversar com o resto do pessoal e desarmar acampamento, porém, não
queriam estragar a alegria do pessoal e seu divertimento, mas, a intuição deles
dizia para irem embora o quanto antes possível, pois, existia a possibilidade
eminente da coisa ficar preta no pior sentido do termo. De repente o casal,
Rafaela e Larissa resolveram sair da barraca e irem até a Cachoeira na parte
superior. Erick e Henrique ficaram preocupados, mas, não poderiam gritar
avisando para não irem. Por que diabos irem lá justo agora? Menos de quatro
minutos depois, na parte inferior da Cachoeira viram a iluminação de algo como
se fossem o visor de dois celulares. Seria do casal que desceu lá embaixo? Mas,
foram rápidos assim? Porém, no instante seguinte viram o casal voltando. Erick
foi ter com eles, perguntando até onde eles foram e explicando a situação.
Trataram com descrença.
Larissa aspirante a
psicanalista, (Algo irônico para Erick, pois, via nela uma pessoa meio doida
que não tem noção da própria cidade onde mora e nem sabe qual a distancia do bairro...
á cidade de... Aparentemente apenas alguém que decidiu fazer uma faculdade,
mas, não cresceu estudando psicanalise, se conseguir o objetivo é por que a
ensino é uma merda no Brasil mesmo. Estou sendo injusto? Talvez.) disse que o
medo faz com que o ser humano sinta, ouça e veja coisas, ouvindo isso Erick
retrucou:
-Sim, o medo faz tudo
isso. Devemos superar o medo em certas ocasiões, mas, não nesse caso. Se alguém
está dentro de sua casa, um lugar que vive há muito tempo e começa sentir,
ouvir e ver coisas deve buscar superar isso, mas, num lugar como aquele no meio
do mato perto de moradias ao longe de pessoas totalmente estranhas a eles e
numa circunstancia como aquela o medo nesse caso é um extinto primitivo de
sobrevivência que todos os seres vivos possuem e ignorá-lo é pedir para que
algo muito ruim aconteça.
Ela disse: Se a gente
pensa em coisas negativas atraímos coisas negativas!
Ele argumentou: A lei da
atração funciona assim, mas, ali estavam analisando os fatos, algo estranho
estava acontecendo. Pode ser que estivessem apenas querendo assustá-los para
que saíssem dali, porém, ficar lá seria tolice, deveriam desarmar o Camping e
saírem os mais silenciosos possíveis para não levarem tiro na testa. A intuição
ás vezes é preciso ser ouvida.
Ela se calou.
Rafael metido a machão
para impressionar a ficante decidiu descer e ver se alguém estava lá embaixo. U
m pouco tempo depois voltou dizendo que estavam sendo paranoicos e que não
havia nada lá. Eles viram nesse momento apenas vagalumes, mas, assim que ele
voltou às luzes cessaram por um tempo. O casal voltou para sua barraca tratando
com desdém Erick e Henrique.
Preocupados Erick e
Henrique ficavam tentando analisar os fatos. Viam nitidamente que o Casal. Pelo
menos Rafael não contribuiria e seria um caso difícil convencê-lo a sair
dali. Sabiam que cometeram o erro de não
vistoriar a geografia do local. Sentiam que estavam cercados e que a única
saída é por aonde vieram o lado oposto da cachoeira, porém, teriam que sair
logo dali e subir no silêncio sem acender as lanternas para não revelar a fuga
do local, mas, será que o resto do pessoal concordaria com isso?
Determinado momento
ambos iluminaram com as lanternas as luzes das lanternas que apareceram ao
longe com isso demostrando que haviam percebido a movimentação do possível
inimigo para quem sabe impor um pouco de medo. Sendo ambos desconhecidos
existia uma pequena probabilidade de um estar sentindo medo do outro afinal de
contas não se conheciam, mas, logicamente os causadores das luzes provocantes
eram perigosos. Erick portava consigo um facão e Henrique um canivete afiado
caso precisassem se defender, mas, o que poderiam fazer contra traficantes?
(fato que descobriram apenas depois).
Pouco tempo depois, surgiram
dois carros movimentando-se lentamente pela rua acima da cachoeira com as luzes
piscando de forma estranha. Pararam em direção a “única” ponte que poderia
levar até eles. Isso deixou os dois preocupados e decidiram conversar com o
pessoal para saírem dali o quanto antes. Quando andavam em direção as barracas,
Henrique disse a Erick que viu um vulto, este por sua vez demorou em sacar a
direção do tal vulto e quando seus olhos avistaram, percebeu pela altura e
cobertor com o qual o vulto estava se cobrindo que era sua namorada Renata. Ou,
melhor dizendo, parecia ser ela... Henrique correu para perto das barracas,
disse que poderia ser uma representação e que não era desse mundo, porém, mesmo
a cena sendo surreal Erick sabia que não poderia deixar de averiguar, pois, não
daria tempo de ir até a barraca de Renata para verificar se ela estava lá
dentro dormindo ou não pelo fato de que se o fizesse existia grande
possibilidade de Renata-imagem cair no rio, ou, se abordada pelos traficantes.
A cena era surreal por
que, Renata-imagem descia lentamente como se não se preocupasse onde estava
pisando coisa que faria qualquer um ao descer aquela pequena ladeira e também
por causa da movimentação reta e lenta como se tivesse um proposito a alcançar lá
embaixo na Cachoeira. Para deixar mais surreal ainda Henrique e Erick
iluminavam as costas e pés de Renata-Imagem. Porém, ela não olhava para trás,
não se importava com nada nem mesmo quando gritaram seu nome se importou o
máximo que fez foi olhar para trás com um olhar “endemoniado” e continuar
andando como se não tivesse amor por ninguém e assim foi descendo, apesar de
todos os pensamentos que se passavam na mente de Erick, este desceu atrás dela,
porém, com o facão pronto a decepar a cabeça de Renata-Imagem se essa se
mostrasse ser algum demônio do inferno vagando nessa noite de quaresma. Erick
no começo pensou que poderia ser alguma moradora que subiu sorrateiramente até
o camping para verificar o que estava acontecendo, mas, que voltava para sua
casa ao notar que não estavam fazendo nada demais e pensou tantas outras coisas
mais, porém, sentindo medo. Mesmo assim desceu o mais próximo possível dela até
que conseguiu sua atenção. Nisso percebeu que ela estava em transe com um olhar
perdido ao mesmo tempo em que fixo numa ideia misteriosa, mas, que voltou ao
normal assim que ele perguntou onde ela estava indo, a qual saindo do transe
respondeu simplesmente:- Não sei! Ela não soube explicar direito por que estava
descendo lá, disse que não lembrava se havia adormecido, apenas levantou e não
encontrando ninguém fora das barracas ficou brava tanto como o namorado como
com o amigo Henrique por não estarem lá e sentiu vontade de ir até a beira d’água,
mas, não sabia explicar por que não sentia medo de nada, algo apenas a puxava
para lá.
Sonambulismo? Possessão?
Difícil explicar. Até onde Erick conhece sua namorada sabe que ela não sofre de
sonambulismo e que desperta não teria coragem de ir ao meio do mato e no escuro
sozinho. Tudo o que ela faz pede para ele ir junto dela. Se ela tivesse descido procurando por eles
teria descido olhando para todos os lados e antes disso se indagado com
qualquer outro do resto do grupo onde eles poderiam ter ido. De qualquer forma
tudo aquilo foi muito estranho. Ela demorou certo tempo para voltar ao normal. Quando
chegaram até a galera explicaram o que estava acontecendo, porém, não levaram
muito a sério, principalmente o machão tolo do Rafael que queria continuar ali dizendo
que tudo era coisa da cabeça dos amigos Erick e Henrique. Ambos foram desmontando
as barracas o mais rápido que podiam dizendo que iriam embora e ficaria quem
dissesse. Erick sempre lembrava: - A vida é feita de escolhas e toda escolha
tem suas consequências. Que ficasse quem quisesse fazê-lo.
Renata com o farolete na
mão parecia ainda perdida no seu mundo-transe iluminando os próprios pés ao invés
da barraca para Henrique e Erick desmontarem com Mais facilidade e seus olhos
se perdiam na discussão entre Costelo, Larissa, Adal e Rafael que havia sentado
perto da fogueira dizendo que não sairia dali fechando a cara como uma criança
mimada de seis anos.
Às pressas puseram tudo
que encontravam de importante dentro das mochilas. Erick na correria perdeu a
bainha do facão de seu pai, algo que o deixou triste, mas, não poderia se abalar
com isso, pois, o perigo era eminente. Adal foi até onde Henrique e Erick
avistam os carros as luzes e voltou dizendo que também não ficaria ali, por ter
visto também a estranha movimentação do outro lado da cachoeira. Logo os traficantes
estariam ali para rouba-los, ou, até mesmo mata-los. O céu estava escuro mais
escuro que as noites mais escuras.
Henrique e Erick subiram
o morro para irem embora, mas, Erick precisou voltar por que sua namorada
teimava em ficar lá tentando convencer o trouxa do Rafael a ir junto com eles.
O medo deve ser vencido,
pensava Erick, sim, quando queremos fazer algo não podemos deixar de fazê-lo
por medo, mas, em circunstâncias difíceis como aquela o medo é um senso de
proteção que pode ajudar os seres vivos escapar com vida. Orgulho leva a morte
e a decadência do ser. Pensava.
Os três subiram: Erick,
Renata e Henrique, logo atrás vieram o restante do pessoal que conseguiram
convencer o machão a subir junto, mas, não ouviram o pedido de Erick de não
acenderem os faroletes para assim os traficantes não perceberem facilmente que
estavam abandonando o local. Pois, se percebessem poderiam armar uma emboscada
do outro lado já que estavam de carro.
Seguiram caminho pela escuridão com Costelo volta e meia desobedecendo
aos sábios conselhos de Erick e Henrique e acendendo o farolete. Quando estavam
prestes a sair do caminho da lavoura e chegar ao asfalta que levaria até perto
da capela do bairro ao lado, surgiram dois cães latindo e Henrique ouviu vozes.
Como se alguém esperasse por eles do outro lado. Imaginação? Quem sabe. Eles
voltaram para trás e pararam. Ligaram para um taxista vir busca-los, mas, esse
não aceitou dizendo que o lugar era perigoso e matavam a troco de banana quem
aparecia por lá de noite. Teoricamente o
tempo que ficaram pensando no que fazer fez com que aqueles que os esperava na
rua achassem que eles haviam voltados para pegar outro caminho, então, saíram dali
e fizeram o caminho inverso para embosca-los do outro lado.
Costelo surgiu e decidiu
peitar o caminho. Então, saíram de lá e como seria perigoso sair pelo asfalto
afora já que o centro estava há setes quilômetros e meio dali, por ideia de
Erick decidiram ficar escondidos na varanda de um bar que tinha uma pequena
mureta que poderia escondê-los por algum tempo.
De onde estavam viram
dois carros passando lentamente com farol baixo e motor do carro desligado como
se procurassem por alguma coisa, por eles. Também passou um motoqueira no mesmo
movimento suspeito, mas, felizmente não os viram ali escondidos.
A madrugada parecia
nunca acabar. Minutos pareciam horas. Assim que o sol nasceu e demorou mais
ainda por ser horário de verão, esperaram pelo ônibus. Passou um carro e dentro
dele avistaram o dono do bar para o qual pediram álcool. Por que ele estaria
vindo daquele lugar naquela hora? Suspeito. Muito provavelmente fora ele que os
atormentaram e os perseguiram.
Averiguando depois,
descobriram que antigamente morava um policial no bairro, então, o local era
mais “sossegado”, mas, quando este se mudou os bandidos passaram a dominar o
bairro. Pouco tempo depois um ex-policial se mudou para o local e tornou-se
líder dos traficantes e passou a dominar o local.
0 terreno e a casa da
cachoeira fora deixada pelo dono quando uma pessoa morreu baleada perto do muro
de pedra da entrada quando ele ficou temeroso pelo fato de uma morte ter
acontecido ali. Deixou o dono uma mulher morando e cuidando do local, mas, esta
também era uma traficante que por algum motivo deixou o local abandonado às
traças.
Quando chegaram a casa
logo após Rafael, Costelo, Adal terem subindo para o ônibus na rodoviária para suas
casas e Larissa terem se despedido deles, Renata tomou banho e Erick o fez logo
em seguida. Quando deitaram juntos para dormir e descansar o corpo Erick sentiu
como se algo de dentro de Renata estivesse sugando sua energia vital. Ou,
espiritual, porém, isso passou quando ela fez sinal da cruz antes de dormir.
Erick descobriu que
nessa mesma noite sua irmã mais nova havia sonhado que Renata havia caído no
rio da cachoeira...
Nunca mais voltaram lá.
My heart beats
faster,
the anguish becomes clearer
and my misanthropic view gets stronger.
Living in the shadows...
so proud of being the one,
but desperate...
so desperate for a helping hand.
The Cry of Silence- Draconian
By: Bruci j. Fernandes
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