quarta-feira, 27 de março de 2013

O Que Será (À Flor da Pele)









A flor branca

Eu dizia para mim mesmo:- Eu posso fazer isso! Porém, eu não conseguia, minhas pernas ficavam imóveis e meu coração acelerado. Eu tinha apenas 10 anos de idade e me sentia um garoto solitário, na verdade, eu o era. Eu queria, lembro muito bem, me aproximar de uma garotinha ruiva que morava perto de mim.
Ah, ela era tão bonitinha, que me encantava. Não sei dizer exatamente o que era se era sua bela tez ou seu sorriso, mas, bem, infelizmente, o sorriso que eu via sempre, não era ofertado a mim, mas, sim seus amiguinhos, seus pais e ás vezes o carteiro que chegava na hora que ela estava saindo para dar um passeio com seu cãozinho Basse.
Eu tinha o costume de ficar na varanda de casa, sentado num velho sofá, fingindo que estava lendo, apenas para olhá-la de longe. Não sei se ela percebia; teve uma vez que surgiu a impressão de que ela estava olhando para mim, mas, não sei, creio que foi só impressão mesmo. Por que ela olharia para mim? O que a faria olhar para mim, um garoto magrinho, quase anêmico e de óculos fundo de garrafa? Ah, não, ela não olhou para mim, não pode ter sido para mim. Seria bom demais para ser verdade.
Certo dia, ela estava parada numa ponte, que fica na saída da cidade, não sei o que ela fazia lá, mas, senti no olhar dela certa tristeza. Eu tentei me aproximar, mas, não consegui. Tive medo, medo que ela não falasse comigo, medo que me desse às costas ou aumentasse a tristeza nos seus olhos por causa de minha presença. Muitos medos surgiram. Medos que me paralisavam. E eu sentia calar frio no corpo, mesmo numa tarde de verão quente.
Então, para minha surpresa, ela... Veio na minha direção e me perguntou:- você gosta de flores? Eu fiquei surpreso, em primeiro lugar por ela ter vindo à minha direção como se me conhecesse, em segundo por ter feito essa pergunta inesperada e o bobão aqui, apenas disse:- Mais ou menos! Na verdade, eu sempre gostei de flores, mas, não sei por que motivo, eu respondi assim. -olha lá embaixo, tem uma linda flor na beira do rio! -Eu olhei, realmente tinha uma flor lá, branca, linda, iluminada pelo sol. Fiquei olhando por alguns minutos, quando, minha contemplação foi anulada, no momento que ela deu um beijo em minha bochecha e saiu andando, sem o olhar de tristeza de antes, parecia feliz e eu não entendi nada, nem disse nada, apenas fiquei vendo-a se afastar andando calmamente.
O que aconteceu mais tarde? Devem estar se perguntando... Não sei. Quando voltei para casa, ela tinha se mudado naquele dia mesmo, foi para longe, nunca mais ouvi falar dela, mesmo que tenha me informando, nunca soube exatamente para onde ela foi morar. Ás vezes fico nessa ponte, olhando o local onde estava a Flor branca.
Nunca entendi aquele momento.




By: Bruci J. Fernandes

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