A flor branca
Eu dizia para mim mesmo:- Eu posso fazer isso! Porém, eu não
conseguia, minhas pernas ficavam imóveis e meu coração acelerado. Eu tinha
apenas 10 anos de idade e me sentia um garoto solitário, na verdade, eu o era.
Eu queria, lembro muito bem, me aproximar de uma garotinha ruiva que morava
perto de mim.
Ah, ela era tão bonitinha, que me encantava. Não sei dizer
exatamente o que era se era sua bela tez ou seu sorriso, mas, bem,
infelizmente, o sorriso que eu via sempre, não era ofertado a mim, mas, sim seus
amiguinhos, seus pais e ás vezes o carteiro que chegava na hora que ela estava
saindo para dar um passeio com seu cãozinho Basse.
Eu tinha o costume de ficar na varanda de casa, sentado num velho
sofá, fingindo que estava lendo, apenas para olhá-la de longe. Não sei se ela
percebia; teve uma vez que surgiu a impressão de que ela estava olhando para
mim, mas, não sei, creio que foi só impressão mesmo. Por que ela olharia para
mim? O que a faria olhar para mim, um garoto magrinho, quase anêmico e de
óculos fundo de garrafa? Ah, não, ela não olhou para mim, não pode ter sido
para mim. Seria bom demais para ser verdade.
Certo dia, ela estava parada numa ponte, que fica na saída da
cidade, não sei o que ela fazia lá, mas, senti no olhar dela certa tristeza. Eu
tentei me aproximar, mas, não consegui. Tive medo, medo que ela não falasse
comigo, medo que me desse às costas ou aumentasse a tristeza nos seus olhos por
causa de minha presença. Muitos medos surgiram. Medos que me paralisavam. E eu
sentia calar frio no corpo, mesmo numa tarde de verão quente.
Então, para minha surpresa, ela... Veio na minha direção e me
perguntou:- você gosta de flores? Eu fiquei surpreso, em primeiro lugar por ela
ter vindo à minha direção como se me conhecesse, em segundo por ter feito essa
pergunta inesperada e o bobão aqui, apenas disse:- Mais ou menos! Na verdade,
eu sempre gostei de flores, mas, não sei por que motivo, eu respondi assim.
-olha lá embaixo, tem uma linda flor na beira do rio! -Eu olhei, realmente
tinha uma flor lá, branca, linda, iluminada pelo sol. Fiquei olhando por alguns
minutos, quando, minha contemplação foi anulada, no momento que ela deu um
beijo em minha bochecha e saiu andando, sem o olhar de tristeza de antes,
parecia feliz e eu não entendi nada, nem disse nada, apenas fiquei vendo-a se
afastar andando calmamente.
O que aconteceu mais tarde? Devem estar se perguntando... Não sei.
Quando voltei para casa, ela tinha se mudado naquele dia mesmo, foi para longe,
nunca mais ouvi falar dela, mesmo que tenha me informando, nunca soube
exatamente para onde ela foi morar. Ás vezes fico nessa ponte, olhando o local
onde estava a Flor branca.
Nunca entendi aquele momento.
By: Bruci J. Fernandes
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