Drafts of my mind
Estava deitado ouvindo Blackstar Halo o álbum Illuminated tendo em mente muito sobre o que escrever, mas, sem as palavras certas
para fazê-lo, então, como de costume vou divagar entre um mundo e outro de
alegria, dor e desespero.
“Borboleta parece
flor que o vento tirou para dançar”
Encontrei essa frase
num post do Facebook. Deu vontade de escrever algo sobre isso tendo como inspiração
todo esse lirismo. Tinha me esquecido dela. É trecho de uma música da Banda Teatro Mágico que por sinal gosto
muito. O que posso escrever tendo a como
inspiração? Ah, de alguma forma sinto que a poesia é parte de mim e esse chega
ser uns dos motivos que não me permitiu passar o canivete nos pulsos, ou, posto
a corda no pescoço até agora.
E se eu pensar numa
garota usando Jeans rasgados que nesse momento está na sala de aula ouvindo Nirvana, enquanto seu olhar
se perder no mundo lá fora que avista pela janela mesmo sabendo que a
professora está nesse momento explicando algumas equações Matemáticas? Posso
imaginar também uma pequena borboleta Azul vagando pelo cemitério ali perto
cheirando o perfume das flores. Talvez ela tenha sido flor numa vida passada de
alguma flor que morreu na estação passada e que agora o vento lhe tirou para
bailar no ar.
O que aconteceria se
essa garota após matar a última aula, algo que sempre o faz durante a semana,
passasse perto desse cemitério e avistasse essa pequena borboleta? Se eu a
conhecesse diria que entraria em estado de contemplação sentaria em alguma
lápide e escreveria um poema sob a luz tênue do sol dessa tarde. Pode ser
também que ela se indagasse se a vida é realmente aquilo que vemos, ou, se somos
alguma centelha no universo imaginando tudo a nossa volta e que na verdade nada
material existe, pelo menos não dessa forma. Eu até seria pretensioso a
ponto de dizer que ela tem um nome no coração de menina rebelde que passa a
tarde ouvindo Rock dentro do quarto. Ás vezes finge que um cabo de vassoura é
uma guitarra e canto alto Do Evolution sem se importar com a reclamação do vizinho por causa do som alto. –Ele
pode ouvir Funk no talo?- Existe uma grande possibilidade dele se chamar
Roberto, pois, na última página do seu caderno está escrito –Ro- Circulado com
um coração. Arrisco também dizer que eles se conheceram num festival de bandas
de região alguns poucos meses atrás. Ela estava sentada num canto com uma
garrafa de vinho barato nas mãos sozinha prestando atenção em cada letra, cada
acorde. Certa hora viajou longe quando fizeram cover de Plush dos Stone Temple Pilots. Uma de suas bandas
favoritas.
“Where are you going for tomorrow?
Muito provavelmente
ela pensava no dia de amanhã. O que seria de sua vida quando chegasse o momento
que não conseguiria mais fugir do terror desse mundo capitalista? Matar-se-ia
por não aguentar a pressão de ser apenas mais uma marionete do Estado? Viveria como muitos outros fazendo o que não
gosta para comprar o que não precisa? Não! Isso não poderia acontecer. Morreria
de fome debaixo de uma ponte, mas, não se venderia, mas, nem toda Natasha
consegue sobreviver... Isso ficava em sua mente.
De Alguma forma ela
pode ter sido abordada por um rapaz que chegou e sentou-se ao seu lado como se
há muito a conhecesse. Deixando de lado até as apresentações. Seu sorriso foi
seu cartão de visita e a oferta de conhaque sua gentiliza. Acredito que ela
aceitou e gostou da boa conversa sobre banda e poesia. Vai ver ele gostava de
Alvares de Azevedo e falou sobre isso com ela que por sua vez é aficionada por
Augusto dos Anjos. Falou, talvez, da gravação de Versos íntimos por Gustavo
Magno.
“A mão que afaga é a
mesma que apedreja.”
-Mas, não podemos
passar a vida inteira sem acreditar em nada nem em ninguém- Disse ele sorrindo tragando
seu cigarro olhando as nuvens claras da tarde. Garanto que ela tenha sorrido
também.
Algo que me diz que
ela está triste apesar do que leve sorriso no rosto e do brilho nos olhos ao
ver a linda borboleta passando de uma flor a outra, entre as lápides.
A flor que dança com o vento. - Qual é o segredo das borboletas/- Ela se pergunta.
A flor que dança com o vento. - Qual é o segredo das borboletas/- Ela se pergunta.
“Alguma coisa no
caminho”.
Acho até que ele se
mudou faz dois meses e nunca mais deu noticias. Não ligou. Não tinha Facebook,
dizia que era coisa de alienado. Deixou a só e triste sem dar explicação. As
más línguas ostentam em dizer que ele está com outra e que já a esquecera. Por que
chego a acreditar que ela tem esperança de encontra-lo novamente?
À tarde não se
mantem clara. O tempo muda. O céu nubla e o vento sopra mais agitado como se
estivesse no ritmo de seu coração que se revolta por amar. Amar tanto alguém
que lhe deixou no começo do caminho.
“Grandma take me home, never take me home”.
Um dia se avô talvez
tenha dito numa tarde de verão como essas tarde lindas de filmes e de poemas
que o amor é importante. É o que dá graça e leveza para a vida- Mas, então, por que
o amor pesa tanto?- Lenta-se, provavelmente quando a chuva começa a cair. A
flor azul para de dançar e some no horizonte como se nunca estivesse estado lá.
Ela ficou chorando quieta sem derramar lágrimas abrigada por uma construção
abandonada no caminho de casa. Infelizmente,
acredito que seu avô morreu faz tempo. – Não entendo, por que meu avô traiu
minha vó e fugiu com aquela perua?- há quem diga que ele morreu de
arrependimento, mas, quem pode saber a verdade?
Quando o sol fica
negro e consome-se com as sombras das noites que chegam. Ela já está em sua
casa. Trancada no quarto. Vestida com uma camiseta preta desbotada que sobrou apenas a palavra Garden deixando como lembrança a palavra Sound. Gosta de ficar no quarto apenas de calcinha e
camiseta larga. Duas vezes maior que seu corpo. Aumenta o volume do som deita e
fecha os olhos. É isso. Sonha com o dia que conheceu Roberto, enquanto este
está abraçado com uma garota no cinema assistindo o novo filme de Quentin
Tarantino do qual é fã, mas, sim, um lapso de memoria surgiu e lembrou-se dela,
porém, acredito que afastou o pensamento e beijou profundamente sua namorada
apertando-a forte.
Eu poderia imaginar
que ela ficou ali a noite toda perdida em pensamentos enquanto a chuva forte
caia lá fora. Que negou jantar e tomou apenas um copo de Coca- Cola, e que decidiu
sair de casa e se perder no mundo, mas, acho que não saberia contar essa
estória, então, vou continuar deitado ouvindo Blackstar Halo e refletindo sobre
a vida e em como ás vezes as borboletas parecem flores que o vento chamou para
dançar...
By: Bruci J. Fernandes
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