quarta-feira, 20 de julho de 2011





Andando entre os cemitérios que ficam pertinho de minha casa, eu me lembrei de algo que meu amigo Asikleiton me contou anos atrás sobre um amigo dele que era deficiente e sofria de uma doença que aos poucos ia deteriorando seu corpo. Ele apesar dessa deficiência gostava de conhecer lugares, sempre com sua câmera fotográfica nas mãos (Seu sonho era ter uma câmera profissional), porém, depois de certo tempo ele sumiu e quando visitado pelo meu amigo. Descobriram que seu estado degenerativo estava em grau elevado e por isso já não conseguia mais sair de casa por que os músculos estavam já atrofiados. O que marcou foi o fato de que na parede de seu quarto se encontrava muitas fotos tiradas na época de suas caminhadas. As imagens encontradas eram impressionantes por que algumas cenas eram aquelas que as pessoas consideram banais, eventos comuns como um cachorro revirando um latão de lixo ou um mendigo na esquina ou até mesmo uma mancha na parede.
Os olhos do fotografo conseguiam ver a poesia que existe no mundo. A tristeza está aí e pouca gente nota e tudo isso era registrado por esse amigo deles. Este pediu a eles que caso ele conseguisse dinheiro suficiente para comprar uma câmera profissional, se eles poderiam tirar fotos para ele sentir o mundo novamente e assim de alguma forma poder sentir seu mundo vivo outra vez. Infelizmente, isso nunca aconteceu, certo tempo depois ele sumiu de vez, faleceu.


"Segure-se
Ainda vamos provar
Que isso passou
Segure-se
Ainda vamos provar
Que isso passou"
This picture- Placebo

Pela consciência de que a mundo dá voltas e o dia de amanhã nem sempre é o esperado por nós. Sinto medo de fotografias, quer dizer, registrar certos momentos. Pessoas que estavam ao nosso lado naqueles momentos podem ser tiradas de nós pela morte ou por própria vontade delas ou na pior das hipóteses por erros nossos. Então rever esses retratos na parede causa certa dor ou tristeza. Tudo isso além de ficar marcado dentro de nós, muitas vezes torna-se cicatrizes da alma não apenas da mente. E como conviver com isso? Há um tempo, meu amigo e eu, estávamos olhando fotos de muitos anos atrás quando ainda não tínhamos nascidos e a cidade era totalmente diferente de como a conhecemos. O interessante e até mesmo assustador é o fato não termos ideia de como era a vida das pessoas que ficaram ali estáticas pelo tempo ao serem miradas pela lente do fotografo. Morreram com qual idade? Como elas viam a vida? Morreram de acidente ou morte natural? Foram felizes ou como eu que vivo numa tristeza imensa? Tudo isso vinha em nossa mente e certos olhares registrados nos assustavam outras vezes nos fascinava pelo mistério, mas, era realmente o olhar da pessoa fotografada ou do fotografo?
Realmente, fotografar momentos é uma responsabilidade muito grande para com o nosso próprio coração num mundo, onde as borboletas voam pelo universo sem darem pistas de quando irão desaparecer e morrer.

By: ~☥Raizen Nox Fenris Lawlie†☥~

Um comentário:

  1. me lembrou minha infância, um dia triste de verão e me fez viajar por um monte de coisas que achei q nem existiam mais aqui dentro.

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