A
flor
Cresceu uma linda flor num
terreno baldio,
Lá onde uma gata cinza e preta
fez ninho numa caixa de papelão.
Eu pude vê-la crescer pela
janela do meu quarto
E lembro-me de ficar horas a
fio, admirando-a, enquanto a garoa
Caia incessante, molhando suas
pétalas, de vez em quando.
Mas, um dia, num mês de
fevereiro, se bem me lembro,
Apareceu um menino mau de
cabelos pretos e mãos sujas
E arrancou-a de seu lar entre
pedras e musgos.
Digo mau, por este ter arrancado
pétala por pétala
E tê-la jogado no chão, sem
piedade ou dó e pisado em cima.
Eu nada pude fazer, fiquei
imóvel vendo a terrível cena.
E meus olhos lacrimejaram.
Fui até o terreno e me aproximei
da flor morta.
Ela estava fria, terrivelmente
fria.
Uma coruja pousou no galho da
árvore, da única árvore que havia no terreno.
E fitou-me fundo nos olhos.
Senti uma tristeza imensa e
desandei a chorar por dentro como uma criança.
Ela estava morta.
A gata cinza e preta veio
devagar e entrou na caixa de papelão.
A cena que veio após foi
terrível, pois ouvi seu miado desesperado...
Os seus pequenos e frágeis
filhotinhos estavam todos mortos.
Seria também obra do menino mau?
Já era noite e o vento
soprava...
By: Bruci J. Fernandes
Nenhum comentário:
Postar um comentário