Demônios interiores
Pois bem, pensei em escrever sobre o que estou sentindo no momento,
mas, de que forma fazê-lo com sucesso? Como realmente expressar a dor que sinto
e o desconforto, perturbação interna que é sentir o mundo sobre as costas?
Realmente não sei.
Minha vida sempre segue entre demônios e anjos dentro de mim. Não
sei como ainda continuo vivo, acredito que a frase do inicio do game Resident
Evil- Nemesis, onde há pequenas passagens do diário da personagem
principal Jill Valentine, que diz o seguinte:- I Still Alive- Tem tudo a
ver comigo por que apesar de tudo ainda continuo vivo, mas, eu me pergunto até
quando? Esse peso não cessa me sinto perdido. “Em meio caminho de minha vida,
achei-me numa selva escura” Assim
disse Dante Alighieri na sua obra a Divina
Comédia que por sinal é um dos meus livros de cabeceira e é assim que
estou, ou, me sinto. Tudo muito triste,
tudo muito subjetivo.
Estou numa trabalho que me faz mal psicologicamente como também
fisicamente, pois, ficar Onze horas de meu dia dentro de um galpão fechado
sentindo imenso calor e falta de ar por causa de um uniforme fechado, toca e
mascara me faz me sentir uma ferramenta do sistema sendo usada para prazeres
malignos. Estou exagerando? Acredito que não. ---Já não me preocupo se eu não
sei por que ás vezes o que eu vejo quase ninguém vê—Quase sem Querer- Legião
Urbana.
Na mídia player rola Disarm do Smashing Pumpkings
Eu costumava ser um
garotinho
Tão velho em meus sapatos
E o que escolhi é minha
escolha
O que mais um garoto pode
fazer?
(...)
Ohhh Os anos queimam...
Mas, infelizmente, não posso no momento sair desse emprego por ter
muitas dividas estar enforcado no cartão de crédito e algumas contas mais. Mas,
o que mais pesa é o fato que não posso ficar desempregado. Seria muito triste (...).
Não quero ter a imagem de vagabundo, mas, será que não é isso o que eu sou?
Será que não passo de um vagabundo como (...). Isso seria a pior coisa do mundo
para mim.
(...) está lá... Dinheiro é mais importante que meus sentimentos?
Eu lembro muito bem do quanto eu sofria internamente quando
adolescente por não ter emprego.
Sentia-me inútil, pois, cresci numa sociedade onde dizem que ter
emprego, ou, melhor ganhar dinheiro é o mais importante na vida, então, eu me
culpava e me punia e isso aliado ao meu lado hiper depressivo e autodestrutivo
me fez deixar muita coisa de lado.
Passava a maior parte do tempo no canto tentando encontrar Deus em algum
lugar, tentando encontrar sentido para a vida com isso deixei de aproveitar o
que realmente era importante: Estudo, conhecimento.
Felizmente li muitos livros depois de certo tempo, mas, antes disso
foi um tempo desperdiçado. Existe tempo desperdiçado? Há males que vem para o
bem? Ou não vem? Ou isso é apenas um
ditado para nos confortar por causa de nossos erros, ou, certas injustiças para
nossas vidas? Algo a se pensar, não é? (...). Sim o amor é o sentimento que
mais ensina. Ensina muito mais que a dor e a tristeza ao contrário do que
muitos pensam.
(...). Hoje em dia meu eu
interno seria menos sombrio e meu caminho teria mais luz. Não seria tão perdido
quanto sou agora. Aprendi tudo sozinho, sofrendo, caindo, com leitura e
reflexão própria. Disso me orgulho, grande parte do que aprendi fora graças
minhas próprias reflexões, mas, logicamente tive anjos que me ensinaram muitas
coisas no decorrer desse tempo todo cada um com sua forma das mais sábias e
politicamente corretas e das mais doidas e tolas. Ironia. Ironia.
Fora o peso do bendito emprego escravatório sinto o peso de tudo
que aconteceu em um Natal que passou. Sabe quando você vê um anjo se afastando
e os demônios vindos em sua direção com sede de sangue e foceis nas mãos? Agora
todo natal é marcado com terror, por causa da lembrança do medo e da angústia.
E o que foi tão terrível assim? Foi à perda da esperança, a ultima coisa que
ficou na caixa de Pandora. Quando se
perde a esperança somos obrigados a mudar e buscarmos outros caminhos, outras
esperanças. A esperança também é mutável como o amor é uma metamorfose
constante.
No escuro do meu quarto ouço o álbum Desitegration do The
Cure, o meu preferido-Faixa 02: The Pictures of You. Lembranças
inevitáveis do trajeto lunar e apocalíptico de minha existência, decisão e
consequências.
(...). Não faço mal a ninguém, mas, sou capaz de me jogar do alto
de uma pedra e morrer ali mesmo no solo do game over de minha existência
Fernandes.
Sinto imenso frio aqui. Meu corpo congela aos poucos. Até minha
alma está siberiana. ---Meu corpo é quente estou sentindo frio---
(...) estou triste, estou cercado por minhas feras internas. Querem
me devorar, levar minha sanidade e com isso meu suspiro de vida. O que posso
fazer? Quero chorar. Quem vai me socorrer?
Sentado na frente do computador, tento escrever alguma coisa, mas,
não consigo. Estou bloqueado. Fico vagando pelo Facebook e Youtube e nada faço,
além disso. Minha mente dói... É dói.
Quero continuar escrevendo minha peça Oníria, mas, não estou
inspirado apesar de ter muita dor aqui para transpor em palavras, diálogos. A
dor me consome, ou, medo que seja. Medo de quê, ou, do quê? Só posso dizer que
algo me incomoda internamente. Bom, vou fazer acordo no meu trabalho, cheguei a
essa conclusão hoje; Não sei o que vai acontecer se o valor da rescisão
conseguirá pagar todas as minhas dividas, se vai sobrar um valor que possa
pagar um curso de fotografia em Sorocaba (Minha cidade natal) como também
ajudar na compra de uma filmadora... Nossos curtas metragens e documentários.
Eu deveria ter feito um trabalho para minha aula de Montagem,
manutenção e rede amanhã, porém, não fiz nada e nem vou fazer. Não sei, não
consigo. Perco a vontade logo quando abro nova aba no Google Chrome para
pesquisar sobre a disputa entre Google e Microsoft. Não sei o que acontece. Não
sei de nada.
Relembro o dia todo. Da lágrima que derramei ao ver as pessoas
rindo de mim quando fui dominado pela sonolência que o calor do galpão onde
trabalho me causa quando minha pressão sobe (Passei boa parte da vida achando
que tinha pressão baixa e não alta)
Por um lado me sinto aliviado por saber que daqui uma semana não
estarei mais nesse trabalho que me sufoca, me angustia, por outro, o medo de
não conseguir outro emprego logo, ou, se ser visto com maus olhos (...) ter
desistido do emprego que estava me corrói como também medo de não aproveitar
bem esse tempo de seguro desemprego, pois, quero voltar a alimentar meu
intelecto como antes o fazia com leitura e estudo de desenho, filmes, a arte no
geral.
(...)
Rosas negras crescem dentro
do meu ser nessa noite fria, enquanto ouço músicas sombrias e escondo minha
face com o capuz preto da blusa com costura invertida. Pergunto-me sobre o
futuro e o que esperar da vida, de minha própria vida. Sinto-me tão perdido, um
lobo na noite querendo correr pelas esquinas até sair da pequena cidade e
encontrar a mais alta montanha e assim congelar na neblina, ou, adormecer para
sempre em alguma caverna com seres da noite me dando despedida.
Eu quero paz, porém, minha mente conturbada não permite. Quero
terminar Oníria logo, mas, também não quero fazer nada meia boca, quero um
roteiro bom que possa tirar alguns sorrisos, ou, na melhor das hipóteses fazer
com que as pessoas pensem mais sobre a vida.
O Tempo passa e estou
tentando plantar lindas flores
By: Bruci J. Fernandes
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